“CAIS” – Criolo e Milton Nascimento (feat. Amaro Freitas no piano)
Há sempre uma ponta de cais em mim
Desejos no horizonte, um sol nascente
E vestígios de improváveis naufrágios
Que a brisa em suaves sussurros traz
Há sempre um barco em cada poente
A ancorar segredos que o mar embala
E tramas oníricas que a fumaça escoa
Pelas chaminés de um navio a singrar
Há sempre uma gaivota a planar no ar
Molhes de cordas e um cachorro vadio
A eternidade do que foi e no mar será
Aprisionada a desvãos de luz no cais
Há sempre esse pedaço de terra a mais
A comer qualquer ínfimo espaço ao mar
E o mar… o mar! Imenso oceano de sal
Avaro a querer legar-nos os sargaços
Há sempre um lar nas esquinas do cais
Uma estátua ao léu e um marujo grogue
A balbuciar promessas de voltar ao mar
Perdidas na garrafa de rum vazia a boiar
Há sempre um adeus em cada porto
Um ir e um voltar, o começo e o fim
E aonde os dois irão fundir-se em um
Na ponta nua de um cais qualquer
*** Esta poesia ganhou o Primeiro Lugar na categoria Poesias de não-residentes
no Concurso Literário de Barueri 2017
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