Nos próximos 15 anos a desigualdade da renda será a discussão política número 1 a ser debatida. Portanto, prepare-se para não ser enganado como muitos serão.
Será uma discussão complicada porque será politizada e polemizada.
Especialmente porque a renda, como a força muscular, a inteligência e as enfermidades na infância são fatores que tornam a renda desigual, bem como a própria vontade de trabalhar, portanto nada político nem ideológico.
Ou seja, a tese é correta, a renda é de fato muito desigual. Mas não por culpa exclusiva dos ricos que produzem, mas pela natural desigualdade das competências humanas.
Portanto, o argumento de que a renda precisa ser igualmente ganha por todos é simplista demais para ser levada a sério e irreal.
STEPHEN KANITZ
Podemos sim discutir, e devemos discutir, quanto de desigualdade de renda é aceitável numa comunidade, o que seria muito mais realista e plausível.
Quanto de desigualdade podemos aceitar não faz parte de uma política de governo nem sequer é discutida.
Para termos uma discussão não polemizada precisamos nos comprometer desde já a alguns princípios, e critérios de coleta de dados.
- Não mentir.
Como ao afirmar que a renda é “distribuída e precisa ser redistribuída”.
A renda não é distribuída e sim ganha com suor e lágrimas.
Alguém produziu, colocou à venda, pagou seus insumos e em 88% das vezes conseguiu acrescentar valor.
Um consumidor pagou mais pela soma das partes e mesmo assim ficou feliz com essa possibilidade.
Normalmente quem tem sua renda distribuída pelas Universidades, são justamente esses professores, redistribuída via impostos cobrados sobre os pobres.
- Não publicar dados enganosos sobre distribuição, baseado em ideologia e não baseado em evidências.
Vejamos os dados de Piketty considerado o maior especialista da área.
Em nenhum momento, ele e os demais especialistas calculam o índice de Gini por faixa etária, sabendo muito bem que a idade é um dos mais importantes previsores de renda futura.
Ganha-se mais aos 45 anos do que quando se tem 17 anos e se é estagiário.
Quando se fazem índices de desigualdade, os 10% mais ricos ganham em média quatro vezes mais do que a média.
Só que os 10% mais ricos são justamente os 10% mais velhos, que ganham quatro vezes mais do que seus filhos.
Mas isso Piketty e todos os economistas especializados de distribuição da renda, escondem.
Para muitos, eu inclusive, isso é na realidade justo, como deveria ser, velhos com 30 anos de experiência deveriam ganhar muito mais que os filhos.
E não se esqueça, que estes 10% mais velhos já fazem distribuição da renda dentro do lar e não pelo Ministério da Economia, como quer Piketty.
Stephen Kanitz
Publicado originalmente no excelente
https://blog.kanitz.com.br/desigualdade/,
no dia 16 de junho de 2021.